Roteiro para o Brasil

Povo nas ruas não defende o mercado ou estado forte. Quer governo que funcione

Virmondes Cruvinel

Em momentos como este, de profunda convulsão no país, é que se mostram valiosos os conselhos de quem tem mais experiência, de quem já enfrentou outras crises e conseguiu encontrar soluções. Nos últimos dias, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou um lúcido roteiro para o Brasil retomar sua trajetória de desenvolvimento. Vale a pena conhecer e discutir essa proposta.

Comando político nacional em frangalhos por conta de gravíssimas denúncias de corrupção e recuperação econômica em compasso lento demais. Este é o cenário sob o qual FHC identifica a necessidade de alguém (ou algum movimento) encarnar “uma certa ideia de Brasil” e mudar o rumo das coisas. Não se trata apenas de um pulso firme assumindo as rédeas, mas um esforço a ser compartilhado por cada brasileiro.

A saída está acima do conflito entre partidos políticos ou entre classes sociais – sem ignorar, é claro, que essas diferenças existem. “Significa que chegou a hora de buscar os mínimos denominadores comuns que nos permitam ultrapassar o impasse de mal-estar e pessimismo”, comenta o ex-presidente, em seu excelente artigo intitulado “Convicção e esperança”.

As atuais dicotomias partidárias ou ideológicas já não satisfazem as aspirações populares. E qualquer político que anda nas ruas sabe disso: ninguém morre de amores pelo fundamentalismo de mercado nem pelo autoritarismo estatal. Ao contrário do que aparece em acirrados debates nas redes sociais, o povo quer políticas públicas que ofereçam respostas efetivas às suas demandas.

FHC chega então ao ponto alto de seu texto, detalhando um modelo de governo a ser eleito em 2018. Um modelo que têm a cara da socialdemocracia: uma gestão inclusiva, que mantenha e expanda políticas redutoras da pobreza e da desigualdade (especialmente com educação pública de maior qualidade e impostos menos regressivos).

Mas, ao mesmo tempo, esse futuro governo precisa ser fiscalmente responsável e atento às finanças públicas. Os gestores devem entender que o país precisa de maior produtividade e mais investimento público e privado. Só assim haverá crescimento da economia e, com isso, recuperação das finanças públicas e do bem-estar da população.

A receita é simples, mas de difícil aplicação. O segredo está na escolha de um nome que seja capaz de emplacar essas coordenadas. Analisando a proposta, é difícil deixar de perceber o quanto se parece com o estilo de governar de Marconi Perillo em Goiás.

Virmondes Cruvinel é procurador do Estado licenciado e líder do PPS na Assembleia Legislativa

Compartilhe nas redes sociais

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

PARTICIPE DO MANDATO

FALE COM A GENTE

Ou preencha o formulário que entraremos em contato

FALE COM A GENTE

Ou preencha o formulário que entraremos em contato