Goiás prova que é possível triplicar a geração de energia limpa e neutralizar as emissões de carbono
Virmondes Cruvinel
Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, a Cop26 será aberta em Glasgow neste 31 de outubro. Isso mesmo, exatamente no Halloween, o famoso Dia das Bruxas para americanos e britânicos. A gravidade da questão ambiental e a coincidência da data nos impõe uma reflexão bem-humorada e ao mesmo tempo séria: os líderes mundiais vão nos oferecer “doces ou travessuras”?
As reuniões preparatórias para a Cop26 revelaram dados preocupantes sobre o aquecimento global. Num desses eventos, representantes da Agência Internacional de Energia afirmaram que o investimento em matrizes limpas precisa triplicar para neutralizar as emissões de carbono.
A agência alerta que, se os governos não mudarem suas políticas de incentivo, o aquecimento global chegaria a +2,6ºC na comparação com a era pré-industrial. Uma catástrofe ambiental anunciada, desencadeando violentos fenômenos atmosféricos e quedas vertiginosas na produção de alimentos.
Diante desse cenário, os países precisam entender que o negacionismo é a pior travessura. Ignorar os alertas da ciência é uma tolice inclusive do ponto de vista dos negócios: a AIE afirma que o investimento em matrizes limpas, além de reduzir as emissões de carbono, é a única forma viável de atender o crescimento da demanda mundial por energia.
Dito isso, é preciso reconhecer que Goiás já começou a oferecer alguns “doces” quando o assunto é energia limpa. O programa estadual de incentivo à energia solar promoveu a isenção de ICMS aos sistemas de geração distribuída (incluindo também insumos e equipamentos fotovoltaicos) e desburocratização do licenciamento ambiental, além da ampliação do crédito via Goiás Fomento.
O programa foi decisivo para que Goiás saltasse do 14º para o 5º lugar no ranking nacional, com 320 megawatts em operação (5% de toda energia solar produzida no Brasil). Como presidente da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa, tenho mantido contato frequente com o segmento e é consenso que o programa pode melhorar ainda mais.
Em Goiás temos irradiação solar ideal e no nosso território estão instaladas grandes subestações e algumas das principais linhas de transmissão do país. Temos potencial de crescimento e caminhamos para um modelo de incentivo que pode ajudar o país a cumprir a difícil exigência de triplicar a produção de energia limpa. A garantia de que, no futuro, nossas crianças possam brincar tranquilas, inclusive no Halloween.
Virmondes Cruvinel é professor, procurador do Estado licenciado e deputado estadual
