Boa notícia na guerra

Invasão cruel e desumana da Ucrânia deve ao menos estimular o uso de fontes alternativas de energia

Virmondes Cruvinel

Ao completar um mês, agora no dia 24 de março, a invasão da Ucrânia continua gerando cenas de horror em uma Europa que não estava acostumada a isso desde a Segunda Guerra Mundial.

Contudo, o conflito absurdo criado pelos russos tem um aspecto que poderá se tornar algo positivo se as nações entenderem que toda crise provoca oportunidades.

Além das mortes, que ainda estão sendo contadas, os três milhões de refugiados ucranianos e a destruição maciça causada pelos bombardeios russos, esta guerra descortinou a grave dependência global dos combustíveis fósseis.

O mercado do gás e do petróleo já enfrentava uma enorme instabilidade antes mesmo de a Rússia, um dos maiores fornecedores globais desses produtos, decidir invadir a Ucrânia.

Com o conflito, todos os países redobram suas atenções para as fontes alternativas de energia. Na Europa, onde os combustíveis fósseis são uma matriz crucial para o abastecimento elétrico, essa procura por outras opções tornou-se uma questão de vida ou morte.

No Brasil, o setor de energias alternativas já esperava que o ano de 2022 fosse o melhor de toda a história. O maior motivo para esse otimismo foi a promulgação, em janeiro, da Lei 14.300 – o Marco Legal da GD (geração distribuída).

Apesar de prever um período transitório de um ano e não tratar de questões tributárias (que também são essenciais), o novo texto legal representa avanços importantes.

O maior progresso é na definição de garantias na relação entre os micro e mini-produtores de energia (seja ela solar, eólica, oriunda de biomassa ou outras fontes) e as grandes empresas de integração e distribuição.

É preciso que a sociedade se mobilize para que a regulamentação do marco legal (prevista para os próximos três meses) confirme as qualidades e exequibilidades da lei e também exija, nas diferentes esferas administrativas, reais incentivos fiscais para o setor.

Com o avanço tecnológico, o investimento em fontes alternativas (e limpas) já vinha se tornando cada vez mais barato ano após ano. Com a guerra, o custo para a aquisição de energia de fontes convencionais (e sujas) tem se tornado cada vez mais caro e instável.

Eis a limonada que é possível extrair do doloroso limão imposto pela invasão covarde e desumana da Ucrânia. No Brasil, temos condições plenas para aproveitar esse “boom” (sem querer forçar o trocadilho).

Virmondes Cruvinel é o presidente da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Goiás

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